Perigosa Amizade: O Começo, de Gisela Bacelar | Resenha do Livro


    O universo adolescente é complicado, traiçoeiro e perverso. É nessa fase da vida que tomamos as primeiras decisões importantes, e que muitas vezes vão acabar sendo cruciais para o restante dela, como: primeiro amor, virgindade, relacionamentos em geral, em que área trabalhar.

    Esses são alguns dos desafios que os diversos personagens do livro Perigosa Amizade: O Começo enfrentam. A história começa no início do primeiro ano do Ensino Médio, época em que os hormônios estão aflorando, e tudo é motivo de zoação entre os colegas de classe. O bullying também é visto com muita frequência, assim como os primeiros relacionamentos. Como são muitos personagens, o enredo é mostrado em diversos pontos de vista.

    O livro como um todo, por sua vez, é até interessante. A construção da história é divertida, foi bem pensado e articulado. Reforça alguns estereótipos, como todos os meninos serem fascinados por carros e quererem transar a qualquer custo, e que todas as meninas são fúteis, adoram roupas e são frágeis e não podem perder a virgindade, mas mesmo assim continua sendo uma história interessante.

    Os personagens têm personalidades marcantes, e são fáceis de reconhecer apenas pelas falas. Os problemas de cada um também são interessantes para o drama do livro, assim como a pequena evolução que eles têm ao longo desse primeiro livro. O curto período de tempo não deixa eles terem uma grande transformação, e continuam muitas das vezes, ainda fazendo besteiras apontadas acima. 

     A impressão que fica é de que o enredo não foi pensado para conscientizar os adolescentes sobre as ações erradas que fazemos quando jovens. É óbvio que essas atitudes dos personagens acontecem na vida real, e talvez com mais frequência que o tolerável, mas é irresponsável não apontar os erros cometidos quando eles acontecem, principalmente quando se trata de um livro voltado para os adolescentes. Essa é a fase em que ficamos confusos e achamos que devemos faze tudo o que nos mandam.

    Cenas preconceituosas (machistas, homofóbicas e gordofóbicas), com relacionamento abusivo e abuso psicológico são mantidas como se fosse algo normal, em que nada pode ser feito para impedir. Logicamente essas situações existem nesses cenários, porém, mais uma vez não é questionado o outro lado da história: o como reverter essa situação.

   De modo geral, seria realmente um livro que poderia ganhar destaque e os erros passariam despercebidos, se fosse lançado há 10 anos, uma época em que esses problemas não seriam relevantes, e ninguém ligava para os detalhes de um todo. A esperança que fica é que a autora saiba aproveitar o mundo de hoje, a informação e tecnologia para aprimorar seus conhecimentos e melhorar a representatividade no próximo livro da série.
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