Não sei se estaria sendo muito precipitado em dizer que o Raphael Montes é um dos melhores autores brasileiros da atualidade, mas que ele sabe escrever um bom livro, isso ele sabe fazer. Suicidas, recentemente relançado pela editora Companhia das Letras, é um exemplo de uma boa obra que te prende do início ao fim.
O básico que você precisa
saber sobre o enredo é que nove jovens decidem participar de uma roleta-russa.
O que me chamou mais atenção, como a maioria dos livros que falam sobre
suicídio é que uma mínima ação pode despertar esse gatilho suicida em alguém, o
que para nós é algo simples, pode ser aterrorizante para uma outra pessoa. E o
autor soube utilizar muito bem esse ponto, tentando mostrar como funciona a mente
humana.
A maneira como a história
foi contada também é um aspecto bem importante para o andamento do livro.
Dividida em 3 partes, sabemos o que aconteceu antes, durante e após a roleta,
não tornando o livro monótono, muito pelo contrário, ao fim de cada capítulo
queremos desesperadamente saber o que acontece depois.
Os personagens são bem
distintos e esse é outro aspecto fundamental, como disse no início do texto,
cada um possui um motivo para tirar a própria vida e durante o livro vamos
conhecendo melhor quais são esses fantasmas que os assombram. Desde um menino
rico, passando por um menino com síndrome de Down, por outro que sonha em ser
um grande autor, por uma menina que descobriu estar recentemente grávida e
outros que são extremamente relevantes para a construção do livro.
Não vou entrar muito em
detalhes na história por motivos de spoiler, mas saiba que em Suicidas você vai encontrar uma obra que
vai te deixar perturbado, literalmente, com as atrocidades que o ser-humano
pode cometer e até onde o desespero para obter dinheiro e fama podem levar
alguém. Vale ressaltar que o plot twist do fim é incrível e você passa a
desconfiar de todas as pessoas ao seu redor. Será que realmente podemos confiar
nas pessoas?
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