Jamie Fraser, nosso amado escocês, está exilado da Escócia e realizou um acordo com a Coroa Inglesa, ou seja, está preso entre a cruz e a espada, porque desonrar ou não esse tratado o trará problemas de magnitude estratosférica. Para completar todo o drama eles estão na Carolina do Norte, onde nada parece facilitar para ele e sua família e com uma guerra iminente, como Claire Fraser vem prevendo desde os primeiros livros, Jamie precisa a cima de tudo protegê-los e ainda administrar plenamente ás vésperas de uma guerra sua nova terra e comunidade.
“O arrepio tinha passado, e o sangue quente latejava na minha mão como se fosse reabrir a cicatriz antiga e derramar o sangue do meu coração por ele mais uma vez. A guerra viria, e eu não podia impedir. Mas dessa vez eu não o deixaria.”
É um fato incontestável que A Cruz de Fogo é um livro calmo, não parado, jamais, mas diferente dos outros quatro da série é o mais sereno. Podemos ver melhor Claire, Jamie, Brianna e Roger vivendo como uma família e seus dias sendo narrados com uma quantidade inenarrável de detalhes atrelados minuciosamente a questões históricas com uma riqueza palpável. Em particular ver o desenvolvimento das 13 Colônias nos Estados Unidos foi uma viagem de volta para as minhas aulas de história, na verdade, todos os livros da série Outlander são uma viagem de volta as minhas aulas e no tempo.
Finalmente Roger, marido de Brianna, começa a aquecer nossos corações, como um bom mocinho dever fazer. Muitas pessoas, inclusive eu, estavam com um pé atrás sobre ele, porém é compreensível a forma como ele lida com o século XVIII. Ele é uma cria do século XX e diferente de Claire que arrecadou experiências de “sobrevivência” sendo uma enfermeira no meio da 2º Guerra Mundial, ele não sabia nada, tinha uma vida, em tese, com as regalias promovidas pelo seu tempo e foi jogado sem paraquedas num momento completamente diferente do qual conhecia e precisava se adaptar, antes de conseguir embalar nossos corações.
A Cruz de Fogo – parte 1 me causou certo estranhamento e um pouco de medo, porque ver os dias pacatos de Jamie e Claire me fez pensar o quanto Diana irá sacrificá-los no próximo livro. Creio que ninguém esteja psicologicamente preparado para isso, já que o amor deles ultrapassou as barreiras do livro e chegou aos leitores, fazendo com que a gente os ame tanto quanto eles se amam.
São 720 páginas, mas isso não deve ser um empecilho para deixar de ler essa obra prima ou qualquer um dos outros livros da série. A Cruz de Fogo – parte 1 em alguns momentos é um pouco cansativo, porque a riqueza em detalhes é um pró, com certeza, todavia, às vezes, é um pequeno contra. Os momentos de alívio cômico são incluídos com perfeição no decorrer do livro, tornando o humor um pouco peculiar. E é agradável saber que Diana desacelerou a passagem de tempo, porque eu estava já fazendo contas de quantos anos Jamie e Claire teriam até o final da série.
“Gostava da estranheza dela, do fato de ser inglesa. Ela era sua Claire, sua Sassenach.”
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