Hoje em dia, com o advento da internet e da globalização, é difícil ter uma história original. De início, o primeiro volume da trilogia Dons Sombrios, que recebe o título de A Gaiola Dourada, pareceu ser um ponto fora da curva com uma premissa inusitada, mas a ideia vai se esvaziando ao longo do livro.
O brilho de novidade me encheu os olhos com a seguinte premissa: A abolição da escravatura nunca aconteceu, e essa sociedade o mundo é como hoje, só que com o aspecto trabalhista ainda do século XV. A única mudança é que a população da Grã Bretanha tem que cumprir 10 anos de escravidão para se tornar cidadãos legítimos, e durante essa década de sua vida, você não tem direito a absolutamente nada.
O início do livro é uma chuva de metáfora, comparando a ficção com a realidade, e principalmente a comparação das nossas condições de trabalho com a escravidão. Mas realmente é só nesse início. Depois de cerca de 100 páginas o a história foca na revolução e na sede de revolta dos rebeldes que não aceitam mais a escravidão.
A história começa de fato quando os pais de três filhos decidem cumprir seus Dias de Escravo. Como dois dos três filhos são menores de idade, eles têm que seguir as ordens dos responsáveis, enquanto a filha mais velha decide acompanhar a família, para que todos cumpram seus Dias juntos. Porém, eles são pessoas especiais, e não vão trabalhar na cidade comum, com máquinas e trabalho braçal.
Eles são escolhidos, por conta de suas experiências e de suas inteligentes, para trabalhar na mansão de uma das famílias governantes do país. E é nesse ponto que a história deixa de lado as metáforas, e se entrega ao clássico livro YA genérico: os governantes são famílias opressoras que tem poderes. Os dons são passados através da linhagem, e varia de acordo da pessoa, porém, nem todos da família são dotadas desses poderes.
Para mim, seria muito mais interessante se a história se focasse na releitura da realidade com a existência da escravidão, pois é realmente um assunto diferente, principalmente quando comparado as formas de trabalho de hoje em dia. Porém, a autora preferiu se focar mais nos seres dotados de poderes.
Como é apenas o início de uma trilogia, é fato que mais história estará por vir, e muitas outras reviravoltas também. Mesmo não sendo perfeito, é um livro divertido, que entretêm e cumpre seu papel de fazer o leitor pensar e se questionar sobre a nossa realidade. Principalmente depois do final enigmático, que deixa um enorme gancho para a sequência.
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