Uma Sombra Ardente e Brilhante #1, de Jessica Cluess | Resenha do Livro


    Hoje um dos assuntos mais comentados é o machismo. Isso é inegável, assim como a afirmação de que histórias medievais, como Game of Thrones, e magia estão em alta. E por que não juntar tudo isso em uma única saga?

     Essa é a proposta de Uma Sombra Ardente e Brilhante: retratar o machismo que existe em um mundo mágico antigo, no qual não existem tecnologias eletrônicas e a Europa ainda é dominada por reis e rainhas. Mesmo sendo um livro de ficção e em uma realidade completamente irreal, o livro tem muitos pontos que podemos ligar a nossa realidade. A forma que a protagonista, Henrietta, é tratada faz com que o leitor sinta ódio, e fica pior quando reconhecemos que isso é feito ainda hoje.

     Existe uma divisão entre as classes mágicas, e também uma forma desigual em que elas são tratadas. Os Feiticeiros são os únicos que detêm respeito da sociedade, os Magos são vistos como ladrões e aproveitadores, e as Bruxas são retratadas como vilões. A Henrietta é a primeira Feiticeira desde muito tempo, e ela tem que lidar com o fato de ser a personagem de uma profecia que irá salvar o mundo. 

     Além dela ter que conviver com monstros intitulados de "Ancestrais", alguns personagens dizem que eles são a representação dos 7 pecados capitais, a protagonista também tem que conviver com homens ignorantes que não conseguem dar credibilidade a uma jovem que acabou de descobrir que possui poderes. Esse primeiro livro é basicamente o treinamento dela para ser reconhecida oficialmente como uma ajudante real nessa guerra que está acontecendo, e que eles pretendem acabar.

     Apenas a conclusão me incomodou, em termos de construção de história. Alguns personagens mudaram suas personalidades para que a história fizesse sentido, sendo que os indícios dessas características poderiam ter sido plantado desde o início. 

     O romance que existe também é bem mais ou menos. Não sou um grande fã de romances clichês, e esse é feito de uma maneira tão jogada que chega a ser irrelevante e prejudica a história. Por outro lado, a construção da Henrietta é sensacional, e a forma que os vilões estão sendo desenvolvidos também é de admirar. 

    Acho que a mensagem que a autora quis passar é que apenas quem devemos nos importar nessa história é a protagonista, a única mulher com relevância nessa história. Ela só deve ter cuidado para essa crítica social não ser um tiro no próprio pé, e ela acabar escrevendo uma saga que critica ela própria. Apenas lendo os próximos para descobrir o que acontecerá com o mundo machista, a desigualdade mágica e também os monstros que estão destruindo o mundo.
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